No mês em que se comemora o folclore, a Fundação de Apoio à Pesquisa no Estado do RN – Fapern lança publicações que discutem o conhecimento popular como lastro do conhecimento científico. No próximo dia 20/08 haverá o lançamento das edições 12 e 13 da Revista Ciência Sempre, do livro Bom Dia Literatura Oral e de plaquetes sobre o Patrimônio Cultural Potiguar. O evento acontecerá às 18h no Café da Dalila, localizado no Mercado de Petrópolis.
A edição de número 12 da revista Ciência Sempre aborda a temática da Ciência do Povo. A expressão Ciência do Povo foi difundida por Câmara Cascudo para identificar o conhecimento popular, também conhecido como senso comum, conhecimento vulgar ou etnoconhecimento. A revista traz uma entrevista com o dramaturgo Ariano Suassuna e artigos de professores e pesquisadores de instituições como a UFRN e outras.
Integrante do projeto de reformulação do financiamento à cultura, o Vale-Cultura traz, em si, a discussão sobre a falta de acesso ao que se produz. Não por acaso, seu lançamento serviu para reiterar a intenção do governo de mexer na Lei Rouanet, o principal mecanismo de incentivo cultural do país. Lula partiu dessa idéia para defender a abertura de salas de cinema e a melhoria na distribuição de filmes. “Não é mais possível o Brasil continuar produzindo coisas de ótima qualidade e ter uma distribuição de péssima qualidade.”
Os artistas, por sua vez, disseram estar apreensivos quanto ao futuro do vale. “Ainda é um PL. Vai depender da vontade coletiva, da ‘equação Brasil’, que não é simples”, diz o músico Antonio Nóbrega. “Mais difícil do que aprovar é conscientizar a tropa de elite de que isso deve ser transferido para quem precisa”, disse o cineasta Hector Babenco.
O cantor Chico César, estrela do show que levou os quatro cantos do Brasil ao palco, observou que o Vale-Cultura é, sobretudo, uma mudança de rota. “Em qualquer área, as políticas públicas são feitas para a sociedade. Na cultura, são para o artista. O vale muda isso.”
Em meio a tantas falas, uma voz chamou a atenção pelo silêncio. O professor Antonio Candido, 90 anos, passou o evento todo sentado e, no fim, ao ser abordado pela reportagem da Folha, disse apenas: “Já passei vergonha o bastante por hoje”, referindo-se a brincadeiras e elogios feitos a ele pelo presidente. Segundo Lula, Candido inspirou a noite.
Para o Antônio Candido “a fruição da arte e da literatura em todos os níveis é um direito inalienável”. Fonte: Folha de São Paulo
Governo assina Projeto do Vale Cultura Informação da Agencia Brasil,
O vale-cultura vai funcionar por meio de um cartão magnético que permite aos trabalhadores comprar ingressos de cinema, teatro e shows, além de livros, CDs e DVDs.
Em cerimônia na capital paulista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina projeto de lei que cria o Vale-Cultura. Voltado para o consumo popular, o benefício será destinado a trabalhadores com rendimento mensal de até cinco salários mínimos empregados em grandes empresas brasileiras que declaram Imposto de Renda com base no lucro real.
Por meio do Vale-Cultura, elas poderão destinar ao funcionário R$ 50 ao mês em cartão magnético, nos mesmos moldes do vale-refeição. A quantia poderá ser utilizada para compra de ingressos (cinema, teatro, dança, museus, shows), livros e CDs.
Depois de assinado, o projeto segue para análise do Congresso Nacional. Os trabalhadores que tiverem interesse no benefício pagarão 10% do valor ao mês (R$ 5).
O atrativo para as empresas é que os R$ 45 restantes poderão ser deduzidos até o limite de 1% do Imposto de Renda de empresas que, segundo o Ministério da Cultura, faturam no mínimo R$ 48 milhões por ano. Com o projeto, o governo pretende beneficiar 12 milhões de trabalhadores de cerca de duas mil empresas do país.
Segundo o secretário-executivo do Ministério da Cultura, Alfredo Manevy, o projeto do Vale-Cultura tem o apoio das centrais sindicais de trabalhadores e dos sindicatos patronais, o que deve facilitar sua tramitação na Câmara. A expectativa é de que o projeto seja aprovado ainda este ano.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que apenas 14% dos brasileiros vão regularmente ao cinema. Além disso, 96% não freqüentam museus, 93% nunca foram a uma exposição de arte e 78% nunca assistiram a espetáculos de dança.
Ao comentar a não obrigatoriedade de adesão ao vale-cultura por parte das empresas, Juca afirmou que “na cultura, nada deve ser obrigatório”. Ele avaliou, entretanto, que o projeto de lei é “atraente” e que, uma vez aprovado, poderá haver pressão dos próprios funcionários para ter direito ao benefício.Sobre o valor a ser disponibilizado no cartão magnético – R$ 50 – Juca admitiu que a quantia é baixa quando considerados os valores cobrados, por exemplo, pelas entradas de cinema e teatro. Segundo ele, a idéia é de que o valor seja “aprimorado” e possa chegar a R$ 150. “Para começar, o valor de R$ 50 está bom, mas o ideal seria um pouco mais”, disse.