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O palhaço, (Dir. Seton Melo)

06 domingo nov 2011

Posted by zedec in O Povo Brasileiro

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cinema, cultura, documentário, filme, o palhaço, selton melo

Para dentro do Brasil – (Da Carta Capital)

“Eu vou ao Sul do Brasil e me sinto num lugar relativamente estrangeiro. Vou a Salvador, me sinto num lugar bastante estrangeiro. Porque no Sul do Brasil parece que fui pra Europa; na Bahia, parece que fui pra África. Mas quando eu vou pra Minas eu sinto que eu fui pra dentro do Brasil”.

‘Como o ventilador, tudo no filme parece simbólico: a estrada, o pó, os canaviais, o retrovisor, o cansaço, o calor’

A frase, atribuída à atriz Fernanda Montenegro, é citada por Caetano Veloso em uma entrevista sobre a música “A Terceira Margem do Rio”, composta em parceira com o mineiro Milton Nascimento e baseada no conto de mesmo nome do também mineiro João Guimarães Rosa.

Pois é para dentro do Brasil que envereda a trupe de “O Palhaço”, filme dirigido e protagonizado por Selton Mello. No longa, o ator-diretor – que nasceu em Passos (em Minas) e cresceu e se notabilizou em São Paulo – interpreta Benjamin, palhaço que, a certa altura da vida (e da excursão) sente que é hora de parar, tomar outro caminho, respirar. Não por acaso, há uma fixação que acompanha o personagem ao longo do filme: a falta que lhe faz o ventilador.

Como o ventilador, tudo no filme parece simbólico: a estrada, o pó, os canaviais que margeiam o caminho, o cansaço, o calor, a ausência de identidade, a cachaça, as cores, a tenda, a música encomendada, as pequenas transgressões, a frágil ideia do coletivo, a divisão de tarefas, a dança da mulher-coragem, a atriz-mirim, o terreno onde se ergue o palco, o nome do circo (Esperança), a vida nômade de seus personagens…tudo tão Brasil.

O palhaço Benjamin, personagem de Senton Mello no filme que ele mesmo dirige

A referência à terra natal do ator (Passos, a cidade a ser atingida) parece lançá-lo a um ponto distante, de descanso; longe da turbulência dos palcos que o consagraram. De Lourenço, o cínico personagem de Selton Mello em “O Cheiro do Ralo” – épico sobre a relação homem-lobo-do-homem baseado na obra de Lourenço Mutarelli – Benjamin não tem nada. Sua angústia parece vir dos mais infantis dos questionamentos. O que faço aqui? Para onde vou? Estou dando conta?

São as perguntas que parecem emergir quando, ao lado de uma prostituta de estrada, ele diz, angustiado: “Sou eu que faço rir, mas quem é que vai me fazer rir?”. A resposta da mulher, interpretada por Fabiana Karla, é uma risada. E um cruel: “Você é tão engraçado…”

A trupe do Circo Esperança

Benjamin faz rir sem querer. Fora dos palcos, como um personagem de “Primeiras Estórias”, ele “muito não se demonstra”. É o tímido bobo, ingênuo como aquele tio do interior que não casou nem liga para dinheiro; não vê a maldade que o cerca, doa a própria calça para não ver o amigo passar frio, e é capaz de passar horas contemplando o mundo, a chuva, a lua, os animais – e que fatalmente seria engolido na cidade grande. Benjamin é parte de um povo que, nas palavras de Milton Nascimento, “têm uma cabeça, um coração, uma emoção, uma coisa que em lugar nenhum do mundo se encontra”. “Por isso eu gosto do interior”, conclui o compositor, na entrevista sobre “A Terceira Margem”.

No filme, ao reconstruir o mito do palhaço, que em geral aponta fraturas por meio do riso ou da fingida loucura, Selton inverte o clichê; desta vez é o palhaço que precisa rir, respirar, encontrar caminhos, uma identidade.

Ao abandonar o circo, Benjamin tenta seguir com os próprios passos. Em vão

Pois é numa cidadezinha em Minas que Benjamim, enfim, troca seu combalido comprovante de nascimento por um registro civil, para oficialmente existir. Justo ali, no estado onde está sacramentada a identidade de parte do que a cultura brasileira já produziu de melhor – Rosa na prosa, Drummond na poesia, Sabino na crônica (Se sou mineiro? Bem, é conforme, dona…Sou de Belzonte, uai”), Milton na música, entre tantos de tantos.

Como seus pares, e com a ajuda de uma atuação eloquente de Paulo José (Valdemar, dono do circo e par de Benjamin, seu filho, nos palcos), Selton Mello se rende, em “O Palhaço”, à cultura popular; ao jeito de falar, sobreviver e de fazer rir dos brasileiros mais brasileiros. Esta é a sua terra, sua tradição, e sua escola.

Minas e o cinema não poderiam estar mais bem representados.

Elizabeth Taylor

23 quarta-feira mar 2011

Posted by zedec in Outras coisas boas...

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andy warhol, butterfield, cinema, cleopatra, Elizabth Taylor, gata m telhado, hollywood, virginia woolf, zinco quente

ELIZABETH TAYLOR (1932-2011)

A atriz anglo-americana Elizabeth Taylor morreu hoje, aos 79 anos, em Los Angeles. A lendária atriz, que protagonizou “Gata em Telhado de Zinco Quente”, “Cleópatra”, “Butterfield8” e “Quem tem medo de Virginia Woolf?”, também ficou imortalizada nesta obra de Andy Warhol.

“(…)Elizabeth Taylor é, em minha opinião, a maior atriz da história do cinema. Ela entende intuitivamente a câmera e suas intimidades não verbais. Abrindo os olhos violeta, conduz-nos ao reino líquido da emoção, que habita por intuição pisciana. Richard Burton disse que ela o ensinou a atuar para a câmera. Economia e contenção são essenciais. Em sua melhor forma, Elizabeth Taylor simplesmente é. Uma carga elétrica, erótica, faz vibrar o espaço entre o rosto dela e a lente. É um fenômeno extra-sensório, pagão.

Meryl Streep, à maneira protestante, entusiasma-se com as palavras; exibe sotaques inteligentes como uma máscara para suas deficiências mais profundas. (E não sabe dizer uma fala judia; destruiu o cáustico diálogo de Nora Ephron em A difícil arte de amar.) O trabalho de Meryl não vai longe. Tentem dublá-la para cinemas indianos: não restará nada, só aquele rosto ossudo, cavalar, movendo os lábios. Imaginem, por outro lado, atrizes menos técnicas como Heddy Lamarr, Rita Hayworth, Lana Turner: essas mulheres têm um apelo internacional e universal. Seriam belas no Egito, Grécia, e Roma antigos, na Borgonha medieval ou na Paris do século XIX. Susan Haywad fez Betsabé. Tentem imaginar Meryl Streep num épico bíblico! Ela é incapaz de fazer os grandes papéis legendários ou mitológicos. Não tem poder elemental, não tem aquela sensualidade tórrida.(…)

Elizabeth Taylor é uma criação o show business, dentro do qual ela tem vivido desde que começou como atriz infantil. Ela tem a hiper-realidade de uma visão de sonho. Meryl Streep, com seu chato decoro, é bem-vinda à sua pose de atriz esforçada e despretensiosa. Eu prefiro a velha Hollywood lixo, cafona, a qualquer hora. Elizabeth Taylor, entusiasticamente comendo, bebendo, no cio, rindo, xingando, trocando de maridos e comprando diamantes aos montes, é uma personalidade em escala grandiosa. É uma monarca numa época de tristes liberais. Como estrela, ela não tem, ao contrário de Greta Garbo, Marlene Dietrich e Katharine Hepburn, qualquer ambiguidade sexual em sua persona. Terrena e sensual, apaixonada e voluntariosa, mas terna e empática. Elizabeth Taylor é a mulher em suas muitas fases lunares, admirada por todo o mundo”.

Trecho de Rainha Pagã de Hollywood, texto de Camille Paglia, publicado na Revista Penthouse em 1992, parte da coletânea Sexo, Arte e Cultura Americana (Companhia das Letras).

Assista abaixo, curta “Puce Moment”, de Kenneth Anger, cuja incorporação foi proibida… É sobre atrizes de Hollywood em suas mansões durante o final dos anos de 1940.


Orfeu Negro

21 segunda-feira mar 2011

Posted by zedec in O Povo Brasileiro

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bossa nova, Breno Mello, cinema, cultura, Luiz Bonfá, Marcel Camus, mito grego, Obama, orfeu e eurídice, Orfeu Negro, tom jobim, Vinicíus de Morais

O discurso de Obama, ontem no Rio, cita o filme Orfeu Negro, de 1959, que foi baseado em uma peça do Grande poetinha, Vinícius de Morais, e dirigido pelo Marcel Camus, com Breno Mello (um drama em cores, com duração de 90min). O filme transpõe o mito grego de Orfeu e Eurídice, um drama de amor, para uma favela do Rio, durante o carnaval. Tendo ganhado muitos prêmios, o belo filme foi um dos pilares da bossa nova… Penso que ajudou a projetar os clássicos de Vinícius, Tom Jobim, Antônio Maria, Luiz Bonfá, entre outros.  (“Manhã de Carnaval, de Bonfá / “A felicidade”, de Tom e Vinicíus / e o “Nosso Amor”, de Tom Jobim ).

Que maravilha é o amor…

08 sexta-feira out 2010

Posted by zedec in Outras coisas boas...

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arte, cinema, filmes, Jennifer Jones, Love is a many splendored thing, música, Suplício de uma saudade, trailer, William Holden

Trailer do filme Love is a many splendored thing (Suplício de uma  saudade,  título no Brasil), com Jennifer Jones como Han Suyin e William Holden como Mark Elliott.

O fim e o Princípio, filme de Eduardo Coutinho – Uma memória do Sertão

01 sexta-feira out 2010

Posted by zedec in O Povo Brasileiro

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asa branca, cinema, cultura, documentário, Dominguinhos, Eduardo Coutinho, Estrada de Canidé, Luis Gonzaga, Nordeste, O fim e o princípio, pau de arara, sertão, Zé Dantas

O documentário “O fim e o princípio” do Eduardo Coutinho me tocou demais. Já assisti umas poucas de vezes. É um filme espetacular. Foi feito no sertão paraibano, num município que fica dentro do polígono da seca, depois de Campina Grande como quem vai de J. Pessoa para Juazeiro do Padim Ciço, pertinho de Cajazeiras

Pois bem, Coutinho se embrenhou pelo sertão afora, e foi bater no município de Rio do Peixe para enxergar um outro lado, o lado dos  viventes da região, como bem diria Luis Gonzaga, “(…) Esse sertão sofredor / Sertão das ‘mulher séria/ Dos homens trabalhador”. Foi espiar os queixumes e as reminiscências…  Saiu sem roteiro, sem plano. O filme foi parido dessa doidice, e nos mostra o poder do cinema de pegar a vidinha simples de gente que “não é ninguém” numa “cidadezinha” do interior. Gente que não é famosa, não tem os traços da beleza da rosa, não é rica… mas que passaram a vida pelejando pela sobrevivência.

Quem guia seu Coutinho pelos arredores da cidade é Rosa; uma moça que mora numa localidade rural, professora, e que é voluntária da pastoral da criança. Bem comunicativa, falante…  Foi ela que planejou as visitas e abriu todas as conversas entre o cineasta e a comunidade.

A história é narrada por gente velha, que conseguiu viver 70, 90 anos. Rostos com traços marcados pelos aperreios da vida, vozes roucas, pigarreado, peito encatarrado… Vidas cheias de privações… mas que se abarrotaram de trabalho. Vida pobre, mas não de miséria. Nos quatro cantos das salas vemos cadeiras, móveis simples, quadros de Stª Luzia, Nossa Senhora, arreios de animais atrepados nas paredes… E a rainha da casa, a televisão.

Seu Coutinho fica cara a cara com cada um. Olhos arregalados, serenos… de quem pagou tintim por tintim da conta ao mundo. Uma diz que está sem dormir… passa a noite no escuro, sentada na rede, tomando café e fumando. Outra já diz que o maior prazer é assistir uma novelinha, e depois deitar, e dar cochilos no chão. Tem um senhor, que pela idade, não consegue enxergar direito, mas mostra um troféu que ganhou num concurso de poesia e recita o soneto. Já outro senhor, daqueles que tem uma letrinha… estudou, semi-letrado, ler e mostra os ensinamentos da Bíblia. Também, tem aquele mais arremediado… que tira o sustento porque descobre e vende água no sertão… Fala com entusiasmo. Já outro tem olhos espertos, bem vivos… que ficam sério, riem… e que fica o tempo todo na peleja com o “doutor” acerca da filosofia da vida… se esquivando das ciladas armadas pelo “doutor” na prosa, prestando bem atenção nas palavras do “doutor” para não ser pego de surpresa.

Viver ali já é uma provação grande. O pior já passou. São sobreviventes de uma peleja. Isso me faz lembrar Guimarães Rosa: “viver é muito arriscoso e o que a gente quer dela é coragem!” Encaram a morte com naturalidade, não falam nem de “a” nem de ‘b”, nem de Governos… O Prazer maior do sertanejo é oferecer um cafezinho, almoço, repartir o pouco que tem de comida… e prosear sobre a vida. A hospitalidade é uma virtude desse povo.

O elogio desse chão sertanejo tem duas pulsões conflitantes, uma que se ressente do que ficou prá trás, das perdas… outra que busca às promessas da esperança, do ganho. Isso está fincado no imaginário do sertanejo. Basta ver o xote de Zé Dantas e Luis Gonzaga: “La no meu pé de serra/ Deixei ficar meu coração/ Ai que saudade eu tenho/ Eu vou voltar pro meu sertão”. No baião de Luis: “Só deixo o meu Cariri/ No último pau-de-arara”. Ou ainda a louvação da perseverança em atingir a meta: “Quando eu vim do sertão/ Seu moço, do meu Bodocó/… Só trazia a coragem e a cara/ Viajando num pau-de-arara/ Eu penei… mas aqui cheguei”. E ainda no hino nacional dos retirantes, Asa branca (1947): “Hoje longe muitas léguas/ Nesta triste solidão/ Espero a chuva cair de novo/ Pra mim voltar pro meu sertão”. Dominguinhos também cantou os anseios retrospectivos: “Por ser de lá/ do sertão (…) Eu quase não falo/ Eu quase não tenho amigos/ Eu quase que não consigo/ Viver na cidade sem viver contrariado”.

O sertão é assim: “(…) Sertão das ‘mulher’ séria / Dos homens trabalhador”. E foi isso que o Eduardo Coutinho, em “O fim e o princípio”, quis mostrar prá gente. Quis mostrar a granel, “ (…)  Coisas que prá mode ver / O cristão tem que andar a pé”.

Matuto no Cinema

05 sábado jun 2010

Posted by zedec in O Povo Brasileiro

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cinema, jessier quirino, matuto no cinema, poesia

Um causo de Jessier Quirino

E o matuto, rapaiz?…

Anarfabeto de pai e mãe – e parteira! – e sai do Sertão pra Capital, pra assisti um fíume istrangeêro legendado! Quando ele volta pro Sertão, pois ele nun conta o filme todinho?

Ma rapai… Eu fui lá na capitá, rapai. Eu assisti um filme autamente internacioná! Pense num filme internaciná? E tem uma coisa: um filme mafioso! Um filme mafioso! Ói, tinha dois Atista! Tinha um Atista qui sufria e o Atista qui sauvava!

Meu cumpade, o Atista Qui Sufria: pense num cabra corajoso! Rapai, o caba nun tinha medo de nada não, rapai! Rapaiz, o bandido, o bandido, pirigoso que só buchada azeda, invocado qui só um fiscal de gafieira, séro qui só um porco mijano, tinha um dedo da grussura de um cabo de foimão.

Amarraro o Atista cum imbira. E tem uma coisa: imbira dos Istado Zunido, nun tem quem se solte não, rapai! Amarraro o Atista cum imbira, butaro o caba sentado, à força, numa cadeira. Aí, chegou o Bandido. Butou o dedo na cara do Atista, e disse:

– Nun sei que lá, nun sei  que lá, nun sei  que lá, nun sei  que lá, nun sei o que lá!

Tá pensano que o Atista teve medo, rapai? O Atista, amarrado cum imbira, rapai, teve que uvi tudinho! Mai, muito do tranquili, olhô pra cara do Bandido e disse:

– Nun sei  que lá, nun sei  que lá, nun sei  que lá, o quê, mermão?…

Mai rapaiz, esse bandido inchô feito um cururu no sal, nun sabe? Isfregô o dedo na cara dele assim… e disse:

– Nun sei  que lá, nun sei  que lá, nun sei  que lá, nun sei  que lá, seu fila da puta!…

E tu tais pensano que o Atista teve medo? Ô xent!… Amarrado cum imbira, do jeito qui tava, ficô muito do tranquili, olhô assim pu bandido e disse:

– Nun sei  que lá, nun sei  que lá, nun sei  que lá, um carái!…

Mai meu cumpade, esse bandido pegô um á!… Pense numa pegada de á!… Ma rapai, foi uma pegada de á tão muidida do pôico! Aí, puxô uma chibata feita de virola de pineu de caminhão, nun sabe? Mais cumprida do que uma língua de manicure, de-lhe uma chibatada tão aparentada a um coice de besta parida, qui ficou escrito assim, da taba dos quêxo pa o porta-urelha do individo: F I R E S T O N E!…

Eu sei qui nessa hora, no mêi dos bandido, tinha um, qui era do time do Atista, rapai. Do time da gente, nun sabe? E ele tava camuflado, feito rapariga de pastô. Nun tinha quem discunfiasse, rapaiz. Camuflado lá pur dênto! E ele tinha um relóge puxado pá telefone. Aí, ele foi pum pé de parede, cum o relóge dele, aí, passô o bizu pra Puliça qui tava lá imbaxo. Ele pegô o relóge e disse:

– Nun seio  que lá, nun sei  que lá, nun sei  que lá, nun sei que lá…

Conto tudo à Puliça! A Puliça lá imbaxo, nos carro, uvino tudinho pelo rádio! E a puliça dos Istado Zunido nun se veste de puliça não! Se veste de adevogado! Aí, a puliça, dento dos carro, só feiz pegá o rádio e chamá os carro tudin dos Istado Zunido, rapai!

— Acunha, acunha, acunha, acunha!… E todos os carro! Acunha qui o negóço é séro!… Acunha, acunha, acunha…
Ai, os carro acunharo!… E os carro acunharo, acunharo… Ói, era mais carro em cima do préidio, de que romêro in cima de Pade Ciço!

O préidio, rapai, era um préidio grande! Tinha… uns dois ou três andá! Ô era… um Colégio de Frêra, ô era uma Prefeitura. Eu sei que nun tinha quem entrasse. Um préidio todo de vrido, infeitado feito pintiadêra de rapariga, nun sabe? Aí, a puliça: tome corda, tome corda, tome corda, tome corda… Quando a gente pensava qui era a puliça qui ia subi pu fora do préidio, pa salvar o Atista, aí veio o momento mais arripiadô do filme, rapai!

Foi quando chegô o Atista Principau, o Atista Salvadô!… E ele vei nun avião daquele… daquele avião qui tem uma penêra incima, nun sabe? Aí, o avião vei… E o avião nun vuava não, era parado! O avião ficô parado incima da Prefeitura!

Pela capota de vrido, a gente já via o Atista: o Atista forte, cum uns peitão, dois cinturão de bala, uma ispingarda da grussura de um cano de isgôto, rapai. Aí, o Atista ficô assim na porta do avião. Ó o nome do Atista: Arnô Saginégui!… Agora, nun é desses Arnô Saginégui do Sertão, qui dá no cu de todo mundo não! É Arnô Saginégui importado! Ô é da Chequilováquia, ô é da Bolívia, tá intendeno?

Eu sei qui o Arnô Saginégui ficô na porta do avião, aí o chofé do avião olhô pra ele e disse:

– Acunhe!… Pode pulá!

Aí, ele pulô lá de cima! Pulô lá de cima, bateu no telhado, furô a laje, bateu memo no lugá aonde o Atista tava preso, cum os bandido. Pegô os bandido tudo disprivinido, cumeno cuscuz cum leite, rapaiz!

Eu sei qui nessa hora, o Atista pegô a ispingarda, disse:

– Nun sei que lá, nun sei que lá, nun sei que lá, nun sei que lá….

Ói, ele matô tudinho!… Aí apariceu mai bandido. Vixe!… E foi briga de sê midida a metro! Ele deu um tabefe no porta-urelha de um caba lá chamado Mané Capado, qui ele bobuletou uns dois palmo e caiu no chão, feito uma jaca mole.

Aí teve um bandido, rapaiz, que omilhô o Atista, com uma dedada aonde as costa muda de nome. Meu cumpade, êsse home, ofendido na região glútia, virô uma fera! E, entre a rapidez da dedada e imediatidade do êpa, deu-lhe um berro nas oiça do sujeito, qui iscurregô na froxura e caiu sentado!

Nessa hora, meu cumpade, o Atista partiu pra cima dele, com o gênio de cento e cinqüenta siri dento duma lata de querosene, deu-lhe um supapo no serrote dos dente, que choveu canino, molar e incisivo por três dia no Sítio Boca Funda!

Ai, nessa hora, meu cumpade, o Bandido Principal saiu nun derrapo de velocidade! Aí, o Atista deu-lhe um chuvaréu de bala, meu cumpade, qui a gente teve que se abaixar dentro do cinema! Aquelas letrinha qui passa lá no filme… Ele derrubô umas cento e quarenta! E eu ainda peguei umas quatro. Tá aqui, pra você vê!…

Mote

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