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No xaxado com Lampião

31 segunda-feira out 2011

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Alzira Marques, cangaço, cordel, cultura, lampião, Nordeste, sertão, xaxado.

Fonte: Folha SP

A octogenária Alzira Marques recorda os bailes animados organizados pelo rei do cangaço

Da Carta Capital

Noite de sábado para domingo, fim de setembro de 1936. Faltava só passar o pó no rosto, espalhar o perfume atrás da orelha e calçar as alpercatas. Cabelos negros e encaracolados na altura da cintura, dentro do seu melhor vestido, a menina de 12 anos, que, se os pais se descuidassem, trocava o estudo pela dança, estava pronta para o seu primeiro baile no alto sertão sergipano com o bando do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Não havia escolha, só mesmo confiar na bênção da tia de criação antes de sair de casa engolindo o medo.

“Eles mandavam apanhar a gente. Vinha aquela ordem e tinha de cumprir. Se não, causava prejuízo depois”, conta Alzira Marques, que completa 86 anos em agosto. Ela lembra detalhes das incontáveis festas cangaceiras a que foi em fazendas que já não existem mais e que deram lugar à planejada Canindé de São Francisco, com o início da construção da hidrelétrica do Xingó, em 1987. Canindé Velho, como a sertaneja chama o local onde nasceu, à beira do Velho Chico, foi demolida por conta da usina, hoje fonte de renda para a cidade – atrai quase 200 mil turistas por ano com o Cânion do Xingó.

O auge de Lampião em Sergipe vai de 1934 a 1938, quando o cangaceiro foi morto ao lado de Maria Bonita e outros nove do bando, em 28 de julho, na Grota do Angico, município de Poço Redondo. “Este é o estado onde ele encontrava mais proteção, aliando-se aos poderosos locais, como o coronel Hercílio Porfírio de Britto, que dominava Canindé como se fosse um feudo”, explica Jairo Luiz Oliveira, da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço. “São os chamados coiteiros (quem dava proteção ao cangaço), políticos de Lampião. Melhor ser seu amigo que inimigo.”

Foi nas terras de Porfírio de Britto que Alzira mais arrastou as sandálias. “Na primeira vez, encontrei Dulce, que foi criada comigo em Canindé Velho e tinha virado mulher do cangaceiro Criança. Eles também eram de muito respeito e nunca buliram com gente minha. Pronto, não tive mais medo”, relembra. Temporada de baile era fim de mês, quando as volantes da Bahia e Pernambuco – as polícias mais algozes no rastro de Lampião – voltavam a seus estados para receber o soldo. “Aí os cangaceiros viam o Sertão mais livre para fazer festa”, diz.

Dia de dança, Alzira tinha de sair e voltar à noite para não levantar a suspeita dos vizinhos. Às 22 horas, punha-se a andar 2 quilômetros até o local onde um coiteiro escondia os cavalos. Outras meninas iam junto. Montavam e seguiam morro acima por uns 15 minutos. “Quando a gente chegava, ia direto dançar o xaxado, forró, o que fosse, até 4 horas da manhã.” Mesmo caminho de volta, chegava com um agrado do rei do cangaço: uma nota de 20 mil réis. “Era tanto do dinheiro, mais de 300 reais na época de hoje. Dava tudo para minha tia.”

Apesar de festeiro, não era sempre que o líder do bando dava o ar da graça. Quando ia, porém, não se fazia de rogado: no mato à luz de candeeiro, onde o arrasta-pé comia solto, brilhantina no cabelo, dançava com as moças do baile sem sair da linha. Média de 20 homens para 15 mulheres. “Ninguém era besta de mexer com a gente. Eles nos respeitavam demais. Lampião era o que mais recomendava: ‘Olha o respeito!’” Maria Bonita – que para Alzira “não era lá essa boniteza, Maria de Pancada era mais bonita” – não tinha ciúme.

O cangaceiro mais conhecido do Brasil gostava de cantar e levava jeito para compor. Quem não se embalou ao som de Olé, mulher rendeira / Olé, mulhé rendá? Ou de Acorda, Maria Bonita / Levanta, vai fazer o café? Alzira conta que era comum ele pedir ao sanfoneiro Né Pereira – outro intimado do povoado – para tocar essas canções, enquanto ele mesmo cantava. “Letra e música dele, além de ser um exímio tocador de sanfona”, confirma Oliveira.

Os bailes eram como banquetes. “Tinha comida e bebida de toda qualidade. Peixe, galinha, porco, carneiro, coalhada, bolo, cachaça limpa”, diz Alzira. Outro ponto que se notava era o aroma: os cangaceiros, que podiam passar até 20 dias sem tomar banho, gostavam de se perfumar. O coronel Audálio Tenório, de Águas Belas (PE), chegou a dar caixas de Fleurs d’Amour, da marca francesa Roger & Gallet, para Lampião. “Era perfume do bom, mas misturado com suor. Subia um cheiro afetado. A gente dançava porque era bom”, afirma a senhora, que se entrosava mais com Santa Cruz e Cruzeiro.
Mais de 70 anos depois, Alzira ainda sonha com aquelas noites e sente falta da convivência com os amigos: muitas festas aconteciam em Feliz Deserto, fazenda que Manuel Marques, seu então futuro sogro, tomava conta. Não raro, o brilho da prata e do ouro das correntes, pulseiras e anéis dos cangaceiros visitam sua memória, assim como a imagem de Lampião lendo a Bíblia num canto da festa. “Ele era muito religioso.” No seu pé de ouvido fica o xa-xa-xá das sandálias contra o chão, som que deu nome ao xaxado, segundo Câmara Cascudo, ritmo tipicamente cangaceiro que não se dança em par.

Testemunha de um período importante da história do País, conta que nunca teve vontade de entrar para o cangaço nem considerava Lampião bandido: “Não era ladrão, ele pedia e pagava, fosse por uma criação, por um almoço. Agora, se bulissem com ele, matava mesmo”. Na cidade é conhecida como a Rainha do Xaxado. No último São João, que antecipou as comemorações do centenário de nascimento de Maria Bonita (8/3/1911), foi uma das homenageadas.

Balançando-se na rede na entrada de sua casa, satisfeita com os dez filhos, 40 netos e 37 bisnetos, Alzira aponta para um dos locais onde dançou com Lampião: uns 100 metros adiante, a Rádio Xingó FM. “Continua lugar de música.” Mas e Lampião, dançava bem? “Ah, ele dançava bom.”•

 

Vou-me embora pro passado

21 segunda-feira mar 2011

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cordel, cultura, jessier quirino, Manoel Bandeira, Nordestino, poesia, vou-me embora prá pasargada, vou-me embora pro passado

A  poesia está viva… Não apenas quando ela é lida, dita, recitada… mas também quando é reinventada. O belo poema de Manoel Bandeira, “Vou-me embora prá Pasárgada”,  foi revisitado e reescrito pelo paraibano Jessier querino que é um arquiteto de palavras do imaginário nordestino.

Jessier Quirino e Marilyn Monroe

16 sábado out 2010

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arte, cordel, cultura, jessier quirino, Marilyn Monroe, Nordeste, O Berro, poema, Poesia Matuta, repente, Zé da Luz

 

 

 

 

 

 

 

Jessier Quirino é um poeta matuto dos bons. A poesia dele não tem um tutano grande como tinha a do poeta Zé da Luz, mas ele incorporou o que a poesia matuta anterior tinha e foi abrindo veredas, criando caminhos e personificando seu jeito de falar as coisas, e isso tudo forma um cascabulho maravilhoso.

Espia só essa preciosidade:

Deu um vento na Serra do Araripe
Que entronxou uma igreja no Japão     
E, por falta de padre e de beato,
Vei de lá com a molesta feito o cão:

Derrubou as muralhas lá da China
Levantou um poeirão em Bagdá
Se enfiou num esgoto no Catar
Foi sair no quintal da longitude
Estourou um bueiro em Roliúde
Que até hoje tá dando o que falar:
Foi uma moça querendo se esquivar
De mostrar a caçola e os possuído:
Marilyn Monroe agarrada com o vestido
E o vestido danado a se enfunar.

Uma pessoa que faz poesia assim, seja ele um matuto ou um cara da cidade, arquiteto de formação, assim como Jessier Quirino, usa temas, coisas que fazem parte de sua vida, tudo com que ele tem contato e que dá um estalo lhe sugerindo uma constelação de palavras carregadas de sonoridade e de significados; isso é “meio caminho andando” para construção de um poema. Mas, venha cá! um poeta matuto pode escrever sobre Marilyn Monroe? Que eu saiba essa artista americana não pertence ao seu mundo! Ei, não carece, não!! um poeta que nem Jessier Quirino, indiferente a essas questões, fala sobre coisas que vê e os lugares onde vai, e isso é uma característica dos cordelistas e dos repentistas, para os quais tudo é possível, até o absurdo.

A poesia dele tem similitude, quero ver você ler e rapidamente não passar um “filminho” em sua cabeça transformado em paralelo abstrato, por exemplo: “mais descansado do que caranguejo almoçando” // “tranquilo que só jumento em sombra de igreja”// “devagar que só enterro de viúva rica”.

E ainda tem a similitude não-auto-explicativa. Que é isso, homem? É aquela frase que elimina o adjetivo ou advérbio inicial e recorre apenas à imagem, e aí eu faço minha própria comparação. Por exemplo: “saiu que nem uma vaca acuada de cachorro”.  Eu imagino que seja a imagem de uma pessoa grandona perseguida por uma baixinha, e que sai tombando, meio cambaleando, sabendo que não pode fugir mas fugindo.

Pois bem, Jessier Quirino é o cara! Lá no final do livro tem uma seção chamada “Gaveta de Bugiganga” que tem umas definições arretadas como “Cauby Peixoto é um dos maiores Frank Sinatras do Brasil”, sugestões patriotas (“Retirar as poltronas giratórias do parlamento e trocar por tamboretes. Vá lá que o cabra não faça nada, mas ficar encostado e rodando já é demais!”) e fascinantes relatos como a “História do padre tatuado na virilha que esqueceu o celular no motel e engoliu a lente de contato misturado com um Engov”.

Poeta popular: João Melchíades Ferreira

19 domingo set 2010

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cordel, cultura, joao melchíades ferreira, Pavão misterioso

poeta João Melchíades Ferreira

O poeta João Melchíades Ferreira da Silva é da cidade de Bananeiras-PB. Nasceu em 07 /09/1869 e faleceu em João Pessoa-PB, no dia 10/12/1933. Sargento do Combateu na Guerra de Canudos e na questão do Acre. É autor do primeiro folheto sobre Antônio Conselheiro e de mais de 20 folhetos, em que se destacam: “ROMANCE DO PAVÃO MYSTERIOZO”, “HISTÓRIA DO VALENTE ZÉ GARCIA” e “A GUERRA DE CANUDOS””COMBATE DE JOSÉ COLATINO COM CARRANCA DO PIAUÍ”, “ROLDÃO NO LEÃO DE OURO”.

Vendedor de cordel recitando o pavão misterioso (ver abaixo)

J.Borges – cordelista, xilogravurista

30 segunda-feira ago 2010

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cantoria, cordel, cultura, jborges, Nordeste, xilogravura

Do sítio Lost art

“JBorges é um dos mestres do cordel, um dos artistas folclóricos mais celebrados da América Latina e o xilogravurista brasileiro mais reconhecido no mundo. Começou tarde, aos vinte anos, vendendo folhetos de cordel. Antes, trabalhou na roça, foi pintor, carpinteiro, e pedreiro, mas lembra que aprendeu a ler e a escrever para conseguir ler os versos de cordel.

Publicou o seu primeiro cordel em 1964, O reconhecimento veio quando o escritor Ariano Suassuna descobriu o seu trabalho e o designou como o maior artista popular do nordeste. “Ariano disse que eu era o melhor, e o povo acreditou, e ai o serviço foi aumentando.”

Depois, foi convidado a dar aulas na Universidade do Novo México, e para expor no Texas e na Europa. Suas xilogravuras ilustram o livro “As Palavras Andantes”, do escritor uruguaio Eduardo Galeano, e foi o único artista latino americano a participar do calendário da Unicef. Em 1999, recebeu de Fernando Henrique Cardoso o prêmio de Honra ao Mérito Cultural do Ministério da Cultura.

Hoje, Borges já ilustrou capas de cordéis, livros, discos, e já expôs nos Estados Unidos, Venezuela, Alemanha, Suiça, México e Venezuela. Em uma turnê européia, J. Borges percorreu 20 países. Foi tema de uma reportagem no jornal The New York Times, que o apontou como um gênio da arte popular.

“Depois da materia do New York times passei a vender mais nos Estados Unidos. Antes vendia uma vez por ano, agora vendo mais de um grande pedido por ano. A divulgação ajudou muito. Essas materias de jornal ajudam bastante. Nos anos setenta e oitenta era muita gente visitando, pesquisando, nos anos noventa foi caindo, caindo, chegou quase a zero. Agora esta voltando. Não sei porque, é uma coisa meio misteriosa. O cordel chegou a beira da cova nos anos noventa. Antes eu publicava dez mil copias de cada cordel. Em 95, cheguei a fazer quinhentos exemplares, achei que ia acabar mesmo. Mas depois começou a melhorar um pouco, e agora estou tirando três ou quatro mil exemplares de cada cordel.

Paisagem do interior

22 domingo ago 2010

Posted by zedec in O Povo Brasileiro

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cordel, cultura, jessier quirino, Maciel Melo, paisagem do interior, poesia matura, regional

“A poesia matuta já é um estilo consagrado da literatura brasileira.  Nomes como Patativa do Assaré, Catulo da Paixão Cearense e Zé da Luz são conhecidos em todo o país como os principais representantes do gênero. Um pouco menos famoso que os três, mas podendo ser considerado tão importante quanto, é Jessier Quirino, poeta paraibano que vem se destacando por seu estilo humorístico.”

O mote é “isso é cagado e cuspido paisagem do interior”. A expressão cagado e cuspido é bastante conhecida nossa. Ela é de origem ibérica e vem de encarrara e esculpido. Com o tempo foi se alterando e passou para “encarnado e esculpido”, depois passou para “escarrado e cuspido”.. e por fim a gente arredondou para “cagado e cuspido”.   

Jessier Quirino é paraibano de Campina Grande, arquiteto por profissão, poeta por vocação, vive atualmente em Itabaiana. É o autor dos livros “Paisagem de Interior”, “A Miudinha”, “O Chapéu Mau”, “O Lobinho Vermelho” e “Agruras da Lata D’Água”, além de cordéis, causos, musicas e outros escritos. O crítico do Jornal do Commércio – Recife fez o seguinte comentário, quando do lançamento de seu

Pinto do Monteiro

11 domingo jul 2010

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cantoria, cordel, cultura, pinto do monteiro, repente, viola

 

fonte: Net
Fonte: net

Certa feita, numa dessas suas grandes e ferrenhas lutas, em seu desafio o parceiro termina uma sextilha assim:

…quando eu for para o outro mundo vou lhe promover a galo…

Facilmente, Pinto disse:

concedendo a providência
quando eu for pra o outro mundo
havendo esta transferência
você vai como galinha
para a mesma residência.

Trovador de São José do Egito recita versos

07 quarta-feira jul 2010

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cordel, ivanildo vila nova, Lula, pernambuco, repente, Rogaciano Leite, são francisco, São José do Egitoo

L

Lembro que a primeira poesia é do Rogaciano Leite, e a segunda, do Ivanildo Vila Nov…. As demais eu não sei. Se alguém souber…

 Trovador Antonio Marinho, de São José do Egito (PE), recita versos sobre a força do sertanejo e as belezas do sertão em cerimônia realizada em Cabrobó (PE) por conta da visita do presidente Lula às obras de revitalização e integração do rio São Francisco

Aos Críticos

 Senhores críticos, basta/,
Deixai-me passar sem pejo/
Que um trovador sertanejo/
Vem seu pinho dedilhar/
Eu sou da terra onde as almas/
São todas de cantadores/
Sou do Pajeú das Flores/
Tenho razão de cantar/
Não sou um Manuel Bandeira/
Drumond, nem Jorge de Lima/
Não espereis obra prima/
Deste matuto plebeu/
Eles cantam suas praias/
Palácios de porcelana/
Eu canto a roça, a choupana/
Canto o sertão, que ele é meu.
Vocês que estão no Palácio/
Venham ouvir meu pobre pinho/
Não tem o cheiro do vinho/
Das uvas frescas do Lácio/
Mas tem a cor de Inácio/
Da serra da catingueira/
Um cantador de primeira/
Que nunca foi numa escola.
Pois meu verso é feito a foice/
Do cassaco corta a cana/
Sendo de cima pra baixo/
Tanto corta como espana/
Sendo de baixo pra cima/
Voa do cabo e se dana.
O meu verso vem da lenha/
Da lasca do marmeleiro/
Que vem do centro da mata/
Trazida pelo leenheiro/
E quando chega na praça/
É trocada por dinheiro.
O meu verso tem o cheiro/
Da carne assada na brasa/
Quando a carne é muito gorda/
Esquentando, a graxa vaza/
É a graxa apagando o fogo/
E o cheiro invadindo a casa.
Aqui é a minha oficina/
Onde conserto e remendo/
Quando o ferro é grande eu corto/
Quando é pequeno, eu emendo/
Quando falta ferro, eu compro/
Quando sobra ferro eu vendo/
Meu verso é feito a cigarra/
Num velho tronco a sonhar/
Que canta uma tarde inteira/
E só para quando estourar/
Que eu troco tudo na vida/
Pelo prazer de cantar.
Quem foi que disse/
Professor de que matéria/
Que o sertão só tem miséria/
Que só é fome e penar/
Que é a paisagem/
Da caveira duma vaca/
Enfiada numa estaca/
Fazendo a fome chorar.
Não pode nunca imaginar/
O som que brota/
Da cantiga de uma grota/
Quando chuva cai por lá/
O cheiro verde/
Da folha do marmeleiro/
E o amanhecer catingueiro/
No bico no sabiá.
Tem mulungu do vermelho/
Mas vivo e puro/
E tem o verde mais seguro/
Que tinge os pés de juá/
A barriguda mostrando/
O branco singelo/
E a força do amarelo/
Na casca do umbu-cajá.
Criou-se o estigma/
Do matuto pé de serra/
Que tudo que fala erra/
Porque não pôde estudar/
Só fala versos matutos, obsoletos/
Feitos por analfabetos/
Que mal sabem se expressar.
Falam no sul com deboche/
Que isso é cultura/
De só comer rapadura/
Como se fosse manjar/
Saibam que aqui/
tem abelha de capoeira/
E o mel da flor catingueira/
É mais doce que o mel de lá.
Temos poesia que exalta/
O que é sentimento/
E a força do pensamento/
De quem sabe improvisar/
Tem verso livre/
Tem verso parnasiano/
E mesmo longe do oceano/
Tem galope à beira-mar.
Zefa Tereza me ensinou/
Que prum caboclo/
Entrar na roda de côco/
Tem que saber rebolar/
Soltar um verso na roda/
Que se balança/
E no movimento da dança
Fazer o côco rodar.

 

Um gole de poesia

29 sábado maio 2010

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cachaça, cordel, cultura, job patriota, poesia

 
 
 

Fonte: do blog botequim do Bruno

Mesmo sem beber um trago.

 Sinto que estou delirando

Tal qual cisne vagando

Na superfície de um lago

Se não recebo um fago

Vai embora a alegria

A minha monotonia

Não há no mundo quem cante

Sou poeta delirante

Vivo a beber poesia!

(Job Patriota, poeta repentista)

 

 

 
 
 

 

 

Prêmio nobel da cantoria

15 quinta-feira out 2009

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cantoria, cordel, ivanildo vila nova, premio nobel de cantoria, severino ferreira

cancioneiro - cantadores (xilogravura)Numa cantoria de pé de parede, os cantadores Ivanildo Vilanova (PB) e Severino Ferreira (RN), ambos falando da mitologia grega, dos romanos e de economia, prosaram sobre um mote que a platéia pediu:
vamos ver quem possui capacidade / Pra ganhar o Nobel da Cantoria.
Alguns trechos dessa cantoria

Ivanildo Vila Nova:
Nobel foi o inventor da dinamite
Criador de um prêmio especifico
Deu progresso ao projeto cientifico
Onde a nossa ciência tem limite
Hoje em dia se atende o seu convite
Sem os louros da sua academia
Mas se o Deus que inspirou Barra do Dia
Não conhece Liceu nem faculdade
Vamos ver quem possui capacidade
Pra ganhar o Nobel da Cantoria.
Severino Ferreira:
Vamos ver quem conhece aonde é
O país dos Assírios e Caldeus
Jafetanis, Fenícios, Cananeus
Descendentes da raça de Noé
E qual foi o motivo que José
Se tornou o esposo de Maria
Ela teve Jesus na estrebaria
E não perdeu o valor da virgindade
Vamos ver quem possui capacidade
Pra ganhar o Nobel da Cantoria.
Ivanildo Vila Nova:
Pra ganhar o Nobel só é preciso
Conhecer de sentido e odalinfa
Ser parente da paz, irmão da ninfa
Ser parente do amor, irmão do riso
É tirar oito e meio em improviso
Tirar nove em métrica e harmonia
Nove e meio em repente e teoria
Tirar dez na escola da saudade
Vamos ver quem possui capacidade
Pra ganhar o Nobel da Cantoria.
Severino Ferreira:
Vamos ver quem possui inteligência
Pra lembrar Tiradentes, o mineiro
Que foi preso no Rio de Janeiro
Por um povo de pouca consciência
Que D. Pedro gritou: “Independência”
Que o mundo esperava e pretendia
Qual o mês, a semana, hora e o dia
Que a princesa assinou a liberdade
Vamos ver quem possui capacidade
Pra ganhar o Nobel da Cantoria.
Ivanildo Vila Nova:
Vamos ver quem possui perspectiva
Pra falar sobre monte, terra e gleba
Pra falar sobre a vida de algum peba
Arrancando as raízes da maniva
E a gata que está receptiva
Quer um gato pra sua companhia
Quanto mais ela arranha, morde e mia
Mas o gato ansioso tem vontade
Vamos ver quem possui capacidade
Pra ganhar o Nobel da Cantoria.

Caju & Castanha…. Ínicio da carreira

14 segunda-feira set 2009

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Caju & Castanha, Canção, cordel, documentário, Nordeste, repente, repentista, tania quaresma

Documentário “Nordeste: Cordel, Repente e Canção. A produção é de Tânia Quaresma, datado em 1975, que mostra uma apresentação dos repentistas Caju & Castanha ainda crianças.Parte do

Romance do Pavão Misterioso… Era assim que se difundia o cordel.

14 segunda-feira set 2009

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Canção, cordel, Nordeste, Pavão misterioso, Romance do pavão, tania quaresma

Documentário “Nordeste: Cordel, Repente e Canção de Tânia Quaresma, produzido em 1975, que mostra um vendedor de cordel cantando um trecho do clássico Romance do Pavão Misterioso. Maravilha!!!

Ai!! Se sêsse!… Do poeta Zé da Luz

25 terça-feira ago 2009

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Ai! se sêsse, cordel, cordel do fogo encantado, Zé da Luz

Aí!! se sêsse

Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dos se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?…
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!

Poeta Zé da Luz

Mote

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  • Soy loco por ti, América
  • Um fusca
  • Nome de carro
  • Mar português, por Fernando Pessoa
  • Sebastião Salgado – A fome em preto e branco
  • Bate o Mancá – por Silvério Pessoa
  • O fim e o Princípio, filme de Eduardo Coutinho – Uma memória do Sertão
  • A Cantoria e o Blues
  • As Rosas Não Falam – Cartola
  • O Eu do Poeta
  • Casi sin querer
  • Vida e Obra de Humberto Teixeira no Cinema – O homem que engarrafava nuvens
  • Chico Buarque – O Meu Amor”
  • Paulinho da Viola: “Meu mundo é hoje”
  • Amar… por Mário Quintana
  • Trivial da semana: Geraldo Azevedo, “Dona da Minha Cabeça”
  • Mário Quintana: o tempo…
  • Mart’nalia e Djavan cantam Molambo
  • Aniversário da Revolução Farroupilha
  • Morreu Moreno, um dos últimos cangaceiros de Lampião
  • Chico César e Maria Bethania – A Força Que Nunca Seca
  • A cantoria
  • Poeta popular: João Melchíades Ferreira
  • Jackson do Pandeiro
  • Pelo Telefone – primeiro samba gravado
  • J.Borges – cordelista, xilogravurista
  • O Umbuzeiro…. Imbú
  • Trivial do fim de semana – Maciel Melo, caboclo sonhador
  • Cururu, traço das variantes da música sertaneja de raiz
  • Paisagem do interior
  • Na garupa
  • Silvério Pessoa – bate o mancá
  • “Muita gente desconhece” João do Vale
  • Kara Veia na Bodega do Zé – maior vaqueiro aboiador do país.
  • Xangai na bodega do Zé
  • Maciel Melo na missa do poeta, PE
  • Aniversário da morte de Luiz Gonzaga – entrevista com Leda Nagle
  • Se tu quiser – Santana, o cantador
  • Pesquisa do Datafolha apura dados somente de quem tem TELEFONE
  • Vox Populi – quando filtra os questionários por telefone… Serra empata com Dilma
  • Matança – XANGAI
  • (sem título)
  • Dilma abre 8 pontos na frente de Serra (41% x 33%)
  • Dilma 43 X Serra 37, Nova pesquisa Vox Populi
  • Simplesmente, lindo…. a bodega Paraopeba
  • OLINDA – capital simbólica do Brasil
  • Paulo Moura & Heraldo do Monte e Arthur Moreiral Lima…. Naquele tempo…. o sapo era cururu
  • Pinto do Monteiro
  • Morgan Freeman: Lula colocou o Brasil no Mapa Mundi
  • Trovador de São José do Egito recita versos
  • A farinha – Djavan
  • Um índio…
  • A eleição pode ser decidida já no 1º turno
  • Raul Seixas – entrevistado por Nelson Mota
  • Dilma desmascara Folha de São Paulo. Pede provas do Dossiê inventado por Jornal
  • O jornalismo POSTE da Folha de São Paulo e do Estado de São Paulo
  • As enchentes no Nordeste – Lições ignoradas
  • ESQUECERAM DO SERRA

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