• Minhas coisas
  • Sobre o pastorador do sítio

Mel no Tacho

~ Mel do Mesmo Tacho

Mel no Tacho

Arquivos da Tag: engenho

Açúcar do Brasil em Portugal.

18 segunda-feira abr 2011

Posted by zedec in O Povo Brasileiro

≈ 1 comentário

Tags

açucar, Alimentação, assucar, biblioteca, bolos, cutura, doces, engenho, Gilberto Freyre, livro, Nordeste

 Do Terra Magazine

 Portugal vai, aos poucos, redescobrindo o Brasil. Futebol, novelas de televisão, cantos, danças, crenças populares e, mais recentemente, também nossos pensadores. Semana passada a Universidade Lusófona, em Lisboa, promoveu seminário (“colóquio”, como eles chamam) para apresentar, a estudantes e pesquisadores portugueses de ciências sociais, o pensamento de Gilberto Freyre, com o tema “Identidades, hibridismos e tropicalismos: leituras pós-coloniais de Gilberto Freyre”. Cada participante apresentou ao público, um dos livros do mestre – Casa-grande e senzala, Nordeste, Ordem e progresso, Sociologia: introdução ao estudo dos seus princípios, Como e porque sou e não sou sociólogo, Sociologia da medicina, Ingleses no Brasil, Alhos e bugalhos:ensaios sobre temas contraditórios, Arte, ciência e trópico, Modos de homem e modas de mulher, textos sobre futebol, O mundo que o português criou, uma cultura ameaçada: a luso brasileira, Aventura e rotina, Uma cultura moderna: a luso tropical, Um brasileiro em terras portuguesas, O luso e o trópico. E também  Açúcar – que coube a mim, com muita honra, apresentar.

Só para lembrar esse açúcar foi o mais importante de todos os elementos trazidos ao Brasil pelo português, influenciando nossa economia e nossa formação social. Moldou também nosso jeito de ser e nossa alma. “Sem açúcar não se compreende o homem do Nordeste”, reconheceu desde cedo Gilberto Freyre. Ao sol ardente de campos cheios de cana e nos engenhos primitivos (ainda movidos por animais), logo seriamos o maior produtor de açúcar do mundo. Enquanto isso nas casas-grandes, em um ambiente de cheiros fortes e fumaças muitas, ia nascendo aos poucos a doçaria pernambucana – “debaixo dos cajueiros, à sombra dos coqueiros, com o canavial sempre do lado a fornecer açúcar em abundância”. Com sabores, temperos, superstições e hábitos das três raças que nos formaram. Tudo na medida certa. E tudo com aquele equilíbrio “que Nabuco sentia no próprio ar de Pernambuco”. Convivência espontânea entre o cristal de açúcar, o sabor selvagem da fruta tropical, e aquele que era o alimento básico de nossos índios – a “manióka” (mandioca). Juntando pilão, urupema, saudade, peneira de taquara, raspador de coco, esperança, colher de pau, panela de barro, mais “a fartura de porcelana do oriente e bules e vasos de prata”.

Em “Açúcar” Gilberto Freyre catalogou, cuidadosamente, compotas e sorvetes que foram nascendo com o gosto forte de nossas frutas. A epifania gloriosa de doces e bolos com sabor de pecado – beijos, suspiros, ciúmes, baba-de-moça, arrufos-de-sinhá, bolo dos namorados, colchão de noiva, engorda-marido, fatias-de-parida – que o povo logo chamou de “fatias paridas”. Criados por freiras – manjar-do-céu, bolo divino, papos-de-anjo. Para lembrar fatos históricos – Treze de Maio, Cabano, Legalista, Republicano. Com nome das famílias que os criaram – Cavalcanti, Souza Leão. Dos engenhos onde nasceram – Noruega, Guararapes, São Bartolomeu. E nome de gente, também – Dona Dondon, Dr. Constâncio, Dr. Gerôncio, Luiz Felipe, Tia Sinhá. Mais os sabores das festas – Carnaval, Semana Santa, São João, Natal. Tantos mais. “Com as comidas indígenas e negras iam circulando as amostras da doçaria portuguesa” (Câmara Cascudo – “A Cozinha Africana no Brasil”). Inclusive doces de rua, de tabuleiro, bombons, confeitos. Mais tudo que estava à volta, como o papel recortado usado na decoração desses bolos e doces. Sem esquecer os usos especiais daquele açúcar, inclusive na preparação de remédio, em xaropes e chás: de flor de melancia (para dor nos rins), de mastruço (gripe), de capim santo (fígado), de cidreira (tosse), de casca de catuaba (impotência). Tudo reunido com critério e paixão.

“Açúcar” chega, enfim, a Portugal. Na hora certa. Cumprindo por justiça reconhecer que escrever o livro naquele tempo foi, como ele mesmo reconheceu, um “ato de coragem”. Escandalizou conservadores, ao recolher receitas que vieram de famílias e engenhos da região. Espantou a “academia”, ao se ocupar de tema considerado então menor. Enfrentou previsíveis comentários, de maldade ou inveja. Mas não se incomodava com as críticas. Porque havia, nele, a clara antevisão dos predestinados. Porque sentia ser preciso contar esse pedaço de nossa história. Porque pressentia a importância que teria “Açúcar”, no futuro que viria. E é graças à ousadia, à persistência, e ao gênio de Gilberto Freyre que hoje podemos compreender melhor, em sua grandeza, a alma generosa de um povo. O povo nordestino.

RECEITA: PAPOS-DE-ANJO EM CALDA DE ANIS

INGREDIENTES:

6 gemas 
1 ovo inteiro
350 g de açúcar
400 ml de água
2 estrelas de anis (para quem gosta)

PREPARO:

* Faça uma calda rala com a água, o açúcar e o anis estrelado (se quiser). Reserve. 
* Em uma batedeira bata bem as gemas e o ovo inteiro, por trinta minutos. Coloque esse creme de gemas em pequenas formas untadas, e depois em tabuleiro com água para que os papos de anjo assem em banho-maria. Desenforme e deixe esfriar.
 
* Coloque os papos de anjo em compoteira e sobre eles, ponha a calda.

 Lecticia Cavalcanti coordena o caderno Sabores da Folha de Pernambuco, escreve na Revista Continente Multicultural e no site pe.360graus.

Mote

alceu valença Ariano Suassuna arte baião Bebida blues Bolsa Família Brasil Braulio Tavares Caetano Veloso cantoria chico Chico Buarque Chico César cinema coco cordel Cuba cultura dem dilma Djavan documentário Dominguinhos Elba Ramalho eleição eleições Eleições 2010 Euclides da Cunha filme forró fotografia futebol Geraldo Azevedo Gilberto Gil globo Jackson do Pandeiro Jazz jessier quirino Joao do Vale lampião literatura literatura de cordel livro Luis Gonzaga luiz gonzaga Lula Maciel Melo Maria Bethânia mario quintana mia couto MPB música Natal Nordeste poesia poeta política portugal preconceito psdb pt Raul Seixas regional repente seca serra sertão silverio pessoa tango Vinicíus de Morais vox populi xenofobia xote Zé da Luz

Passaram por aqui

  • 137.316 hits

Prateleira

  • Elogio ao boteco, por Leonardo Boff
  • Uma cidade dos EUA na Amazônia
  • Pessoal do Ceará
  • A Chuva Pasmada e o Mar Me Quer – Mia Couto
  • O palhaço, (Dir. Seton Melo)
  • Trivial do fim de semana… Vitrines do velho Chico
  • Democracia boa é na casa dos outros!
  • Para que serve um economista?
  • Um cafezinho…
  • Críticas revelam preconceito contra ascensão de Lula, avalia pesquisadora da USP
  • No xaxado com Lampião
  • O perfeito imbecil
  • show do Lenine em Natal…
  • Oia eu aqui de novo!
  • Chico Buarque é mais gravado que Roberto Carlos e Caetano Veloso
  • Niemeyer
  • 80 anos de João Gilberto
  • Tânia Bacelar recebe Troféu Tejucupapo – Mulher Nordeste VinteUM
  • Chico César e o forró de Plástico
  • ‘Diversidade na França é cosmética’, diz sociólogo franco-argelino
  • Prisão de Battisti era ilegal, STF deu ponto final – Dalari
  • Trivial do domingo… A cor do Som – Zanzibar
  • Trivial do fim de semana….Maria Bethania e Nana Caymmi, Sussuarana
  • Vou danado prá Catende
  • Alceu Valença defende Chico César contra o Forró, “veio”, de plástico
  • Márcio Canuto e o menino que ficou nervoso por não entender o repórter.
  • Gonzaguinha
  • Usar palavra em inglês é coisa de papagaio, diz deputado
  • Se fosse o Lula a edição da ‘veja’ seria assim:
  • O mundo fantástico de Jim Kazanjian
  • Só louco
  • Açúcar do Brasil em Portugal.
  • De Robert Johnson prá cá, 100 anos.
  • FHC e Llosa: sob fogo cruzado
  • Café…
  • Cajuína
  • Tradutor de Chuvas, por Mia Couto
  • Micróbio do Samba, por Adriana Calcanhoto
  • Adjetivar
  • Elizabeth Taylor
  • A visita de Obama
  • Orfeu Negro
  • Vou-me embora pro passado
  • É por isso que a internet ilumina o dia…
  • Que eu quero saber o seu jogo (…) Que eu quero me arder no seu fogo…
  • Dois poemas ingleses…
  • Casa de José Saramago
  • Relativizar o símbolo da Senhora Alemã, Angela Merkel
  • Como era a impressão de livros na década de 1940?
  • Marina de La Riva: fusão de Cuba e Nordeste do Brasil
  • Noel e Chico
  • Culturas…
  • Vamos dançar “Zenga Zenga” quando Kadafi cair.
  • Tania Bacelar: há uma imagem deformada do Nordeste
  • IG: Pai da estudante processada se diz envergonhado
  • O Movimento SP só Para Paulistas: querem vitimizar Nordeste
  • Conheço o meu lugar – O Melhor do Nordeste é o Nordestino!
  • Zé Ramalho, o Bob Dylan do sertão…
  • Nordeste e as eleições para presidente
  • Para o Brasil seguir mudando
  • A criançada que se alimenta de Luz no Brejo da Cruz e o Bolsa Família
  • Meu cenário – Maciel Melo e Petrúcio Amorim
  • As bonequeiras do Crato, inspiração para livro lançado pela ed. Unicamp
  • Gal Costa… musa da canção brasileira
  • Pelé,o Rei do Futebol – 70 anos
  • Bolinha de papel…
  • Chimarrão… delícia do Rio Grande, sabor Gaudério
  • Leonardo Boff e Chico Buarque – Ação Política
  • Jessier Quirino e Marilyn Monroe
  • Richard Galliano (Piazzola) Libertango
  • Paraiba Meu Amor…
  • Abel Silva
  • Como falamos a Democracia?
  • Dilma e a Fé Cristã, por FREI BETTO
  • Nossa homenagem ao sambista Ratinho
  • Trivial do domingo – Petrolina e Juazeiro, por Geraldo Azevedo e Elba
  • Poeminha do Contra…
  • Mestre Ambrósio – Coqueiros
  • Mario Vargas Llosa e a metáfora do fotógrafo cego
  • Trivial do sábado: Wilson Das Neves
  • Assessor de Marina diz que “tucano é repressão” (aos movimentos sociais)
  • Leite Derramado, por Chico Buarque
  • Mr. Wilson é o maior baterista brasileiro do século XX
  • Nonada
  • Um lugar de passagem…
  • Nobel da Paz
  • Que maravilha é o amor…
  • Estado Teocrático
  • Trivial do fim do dia… Chico Buarque com Roberta Sá, e Martin’alia
  • Nobel de Literatura
  • Cecília Meireles
  • A natureza das coisas…
  • Soy loco por ti, América
  • Um fusca
  • Nome de carro
  • Mar português, por Fernando Pessoa
  • Sebastião Salgado – A fome em preto e branco
  • Bate o Mancá – por Silvério Pessoa
  • O fim e o Princípio, filme de Eduardo Coutinho – Uma memória do Sertão
  • A Cantoria e o Blues
  • As Rosas Não Falam – Cartola
  • O Eu do Poeta
  • Casi sin querer
  • Vida e Obra de Humberto Teixeira no Cinema – O homem que engarrafava nuvens
  • Chico Buarque – O Meu Amor”
  • Paulinho da Viola: “Meu mundo é hoje”
  • Amar… por Mário Quintana
  • Trivial da semana: Geraldo Azevedo, “Dona da Minha Cabeça”
  • Mário Quintana: o tempo…
  • Mart’nalia e Djavan cantam Molambo
  • Aniversário da Revolução Farroupilha
  • Morreu Moreno, um dos últimos cangaceiros de Lampião
  • Chico César e Maria Bethania – A Força Que Nunca Seca
  • A cantoria
  • Poeta popular: João Melchíades Ferreira
  • Jackson do Pandeiro
  • Pelo Telefone – primeiro samba gravado
  • J.Borges – cordelista, xilogravurista
  • O Umbuzeiro…. Imbú
  • Trivial do fim de semana – Maciel Melo, caboclo sonhador
  • Cururu, traço das variantes da música sertaneja de raiz
  • Paisagem do interior
  • Na garupa
  • Silvério Pessoa – bate o mancá
  • “Muita gente desconhece” João do Vale
  • Kara Veia na Bodega do Zé – maior vaqueiro aboiador do país.
  • Xangai na bodega do Zé
  • Maciel Melo na missa do poeta, PE
  • Aniversário da morte de Luiz Gonzaga – entrevista com Leda Nagle
  • Se tu quiser – Santana, o cantador
  • Pesquisa do Datafolha apura dados somente de quem tem TELEFONE
  • Vox Populi – quando filtra os questionários por telefone… Serra empata com Dilma
  • Matança – XANGAI
  • (sem título)
  • Dilma abre 8 pontos na frente de Serra (41% x 33%)
  • Dilma 43 X Serra 37, Nova pesquisa Vox Populi
  • Simplesmente, lindo…. a bodega Paraopeba
  • OLINDA – capital simbólica do Brasil
  • Paulo Moura & Heraldo do Monte e Arthur Moreiral Lima…. Naquele tempo…. o sapo era cururu
  • Pinto do Monteiro
  • Morgan Freeman: Lula colocou o Brasil no Mapa Mundi
  • Trovador de São José do Egito recita versos
  • A farinha – Djavan
  • Um índio…
  • A eleição pode ser decidida já no 1º turno
  • Raul Seixas – entrevistado por Nelson Mota
  • Dilma desmascara Folha de São Paulo. Pede provas do Dossiê inventado por Jornal
  • O jornalismo POSTE da Folha de São Paulo e do Estado de São Paulo
  • As enchentes no Nordeste – Lições ignoradas
  • ESQUECERAM DO SERRA

Armário

  • novembro 2011 (10)
  • outubro 2011 (4)
  • junho 2011 (9)
  • maio 2011 (4)
  • abril 2011 (10)
  • março 2011 (16)
  • novembro 2010 (6)
  • outubro 2010 (42)
  • setembro 2010 (16)
  • agosto 2010 (13)
  • julho 2010 (14)
  • junho 2010 (37)
  • maio 2010 (30)
  • janeiro 2010 (17)
  • novembro 2009 (5)
  • outubro 2009 (50)
  • setembro 2009 (28)
  • agosto 2009 (38)

Principais mensagens

  • Trovador de São José do Egito recita versos
  • Trovador canta o Nordeste
  • Dominguinhos... Pronde tu vai, baião?
  • Negro e liberdade
  • Casa de José Saramago
  • Direito de Resposta a Ferreira Gullar
  • Nome de carro
  • Alcimar Monteiro - Lindo lago do amor... Isso é que forró do bom
  • Pinduca & o carimbó... O Norte e a musicalidade caribenha.
  • Bajado, maior pintor da arte primitiva do mundo

Categorias

Blog no WordPress.com.

Cancelar
Privacidade e cookies: Esse site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.
Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies