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No xaxado com Lampião

31 segunda-feira out 2011

Posted by zedec in O Povo Brasileiro

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Alzira Marques, cangaço, cordel, cultura, lampião, Nordeste, sertão, xaxado.

Fonte: Folha SP

A octogenária Alzira Marques recorda os bailes animados organizados pelo rei do cangaço

Da Carta Capital

Noite de sábado para domingo, fim de setembro de 1936. Faltava só passar o pó no rosto, espalhar o perfume atrás da orelha e calçar as alpercatas. Cabelos negros e encaracolados na altura da cintura, dentro do seu melhor vestido, a menina de 12 anos, que, se os pais se descuidassem, trocava o estudo pela dança, estava pronta para o seu primeiro baile no alto sertão sergipano com o bando do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Não havia escolha, só mesmo confiar na bênção da tia de criação antes de sair de casa engolindo o medo.

“Eles mandavam apanhar a gente. Vinha aquela ordem e tinha de cumprir. Se não, causava prejuízo depois”, conta Alzira Marques, que completa 86 anos em agosto. Ela lembra detalhes das incontáveis festas cangaceiras a que foi em fazendas que já não existem mais e que deram lugar à planejada Canindé de São Francisco, com o início da construção da hidrelétrica do Xingó, em 1987. Canindé Velho, como a sertaneja chama o local onde nasceu, à beira do Velho Chico, foi demolida por conta da usina, hoje fonte de renda para a cidade – atrai quase 200 mil turistas por ano com o Cânion do Xingó.

O auge de Lampião em Sergipe vai de 1934 a 1938, quando o cangaceiro foi morto ao lado de Maria Bonita e outros nove do bando, em 28 de julho, na Grota do Angico, município de Poço Redondo. “Este é o estado onde ele encontrava mais proteção, aliando-se aos poderosos locais, como o coronel Hercílio Porfírio de Britto, que dominava Canindé como se fosse um feudo”, explica Jairo Luiz Oliveira, da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço. “São os chamados coiteiros (quem dava proteção ao cangaço), políticos de Lampião. Melhor ser seu amigo que inimigo.”

Foi nas terras de Porfírio de Britto que Alzira mais arrastou as sandálias. “Na primeira vez, encontrei Dulce, que foi criada comigo em Canindé Velho e tinha virado mulher do cangaceiro Criança. Eles também eram de muito respeito e nunca buliram com gente minha. Pronto, não tive mais medo”, relembra. Temporada de baile era fim de mês, quando as volantes da Bahia e Pernambuco – as polícias mais algozes no rastro de Lampião – voltavam a seus estados para receber o soldo. “Aí os cangaceiros viam o Sertão mais livre para fazer festa”, diz.

Dia de dança, Alzira tinha de sair e voltar à noite para não levantar a suspeita dos vizinhos. Às 22 horas, punha-se a andar 2 quilômetros até o local onde um coiteiro escondia os cavalos. Outras meninas iam junto. Montavam e seguiam morro acima por uns 15 minutos. “Quando a gente chegava, ia direto dançar o xaxado, forró, o que fosse, até 4 horas da manhã.” Mesmo caminho de volta, chegava com um agrado do rei do cangaço: uma nota de 20 mil réis. “Era tanto do dinheiro, mais de 300 reais na época de hoje. Dava tudo para minha tia.”

Apesar de festeiro, não era sempre que o líder do bando dava o ar da graça. Quando ia, porém, não se fazia de rogado: no mato à luz de candeeiro, onde o arrasta-pé comia solto, brilhantina no cabelo, dançava com as moças do baile sem sair da linha. Média de 20 homens para 15 mulheres. “Ninguém era besta de mexer com a gente. Eles nos respeitavam demais. Lampião era o que mais recomendava: ‘Olha o respeito!’” Maria Bonita – que para Alzira “não era lá essa boniteza, Maria de Pancada era mais bonita” – não tinha ciúme.

O cangaceiro mais conhecido do Brasil gostava de cantar e levava jeito para compor. Quem não se embalou ao som de Olé, mulher rendeira / Olé, mulhé rendá? Ou de Acorda, Maria Bonita / Levanta, vai fazer o café? Alzira conta que era comum ele pedir ao sanfoneiro Né Pereira – outro intimado do povoado – para tocar essas canções, enquanto ele mesmo cantava. “Letra e música dele, além de ser um exímio tocador de sanfona”, confirma Oliveira.

Os bailes eram como banquetes. “Tinha comida e bebida de toda qualidade. Peixe, galinha, porco, carneiro, coalhada, bolo, cachaça limpa”, diz Alzira. Outro ponto que se notava era o aroma: os cangaceiros, que podiam passar até 20 dias sem tomar banho, gostavam de se perfumar. O coronel Audálio Tenório, de Águas Belas (PE), chegou a dar caixas de Fleurs d’Amour, da marca francesa Roger & Gallet, para Lampião. “Era perfume do bom, mas misturado com suor. Subia um cheiro afetado. A gente dançava porque era bom”, afirma a senhora, que se entrosava mais com Santa Cruz e Cruzeiro.
Mais de 70 anos depois, Alzira ainda sonha com aquelas noites e sente falta da convivência com os amigos: muitas festas aconteciam em Feliz Deserto, fazenda que Manuel Marques, seu então futuro sogro, tomava conta. Não raro, o brilho da prata e do ouro das correntes, pulseiras e anéis dos cangaceiros visitam sua memória, assim como a imagem de Lampião lendo a Bíblia num canto da festa. “Ele era muito religioso.” No seu pé de ouvido fica o xa-xa-xá das sandálias contra o chão, som que deu nome ao xaxado, segundo Câmara Cascudo, ritmo tipicamente cangaceiro que não se dança em par.

Testemunha de um período importante da história do País, conta que nunca teve vontade de entrar para o cangaço nem considerava Lampião bandido: “Não era ladrão, ele pedia e pagava, fosse por uma criação, por um almoço. Agora, se bulissem com ele, matava mesmo”. Na cidade é conhecida como a Rainha do Xaxado. No último São João, que antecipou as comemorações do centenário de nascimento de Maria Bonita (8/3/1911), foi uma das homenageadas.

Balançando-se na rede na entrada de sua casa, satisfeita com os dez filhos, 40 netos e 37 bisnetos, Alzira aponta para um dos locais onde dançou com Lampião: uns 100 metros adiante, a Rádio Xingó FM. “Continua lugar de música.” Mas e Lampião, dançava bem? “Ah, ele dançava bom.”•

 

Zé Ramalho, o Bob Dylan do sertão…

02 terça-feira nov 2010

Posted by zedec in O Povo Brasileiro

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bob Dylan, cultura, forró, Jackson do Pandeiro, música, Nordeste, sertão, Zé Limeira, zé ramalho

 

 

 

 

Zé Ramalho é o Bob Dylan do Sertão. Claro, Dylan tem uma cadencia própria muito parecida com a de João Gilberto… Brinca com a métrica. Já Zé Ramalho, tem voz cavernosa, grave, fala-cantada; ele minimiza a melodia para incorporar entonações da fala. É um pregador, um pastor, um padre… de voz empostada. Fala como se falasse de cima de um coreto e com entonações que têm sua própria musicalidade.

Quando eu morava na residência universitária, tinha várias amigos que adoravam o Zé… Certa vez, numa daquelas longas conversas de mesa de bar, a prosa deu no Zé. Elogios prá lá, criticas  prá cá, etc. Críticas  às letras, dizendo que não compreendiam, etc. De repente, Genival, um piauiense, de Floriano, acadêmico de medicina, falou: “menino, eu também não entendo, não! mas o ‘homi’ canta com uma certeza tão grande que deve dizer alguma coisa!”.

Na verdade, tanto Bob Dylan como Zé Ramalho são proféticos em suas composições, em parte pelo teor messiânico e tom de voz que empregam.  São vozes que têm algo da certeza inabalável e alucinatória dos profetas, como bem dizia meu amigo, Genival. Ou seja, a certeza de quem viu algo e pouco lhe importa se os outros conseguem ver o mesmo ou não.

O Zé vem do sertão paraibano, de brejo do cruz. Ele foi parido aos sons dos desafios de viola; cresceu ouvindo aboios, repentes e vendo pegas de boi. Sua poética é, portanto, oral. Tem ritmos, inflexões, geniais. Quando nasceu enfiaram uma viola goela abaixo juntamente com versos tirados dos cordéis e das cantorias ouvidas numa sala de reboco.

Para entender Zé Ramalho temos que ter leitura e essa leitura é àquela que é cantada no microfone, coberto por uma flanela amarela, das feiras livres como quando se faz o merchandising do cordel. É preciso ter presente a oralidade, do contrário, não se entende nada mesmo.

O fim e o Princípio, filme de Eduardo Coutinho – Uma memória do Sertão

01 sexta-feira out 2010

Posted by zedec in O Povo Brasileiro

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asa branca, cinema, cultura, documentário, Dominguinhos, Eduardo Coutinho, Estrada de Canidé, Luis Gonzaga, Nordeste, O fim e o princípio, pau de arara, sertão, Zé Dantas

O documentário “O fim e o princípio” do Eduardo Coutinho me tocou demais. Já assisti umas poucas de vezes. É um filme espetacular. Foi feito no sertão paraibano, num município que fica dentro do polígono da seca, depois de Campina Grande como quem vai de J. Pessoa para Juazeiro do Padim Ciço, pertinho de Cajazeiras

Pois bem, Coutinho se embrenhou pelo sertão afora, e foi bater no município de Rio do Peixe para enxergar um outro lado, o lado dos  viventes da região, como bem diria Luis Gonzaga, “(…) Esse sertão sofredor / Sertão das ‘mulher séria/ Dos homens trabalhador”. Foi espiar os queixumes e as reminiscências…  Saiu sem roteiro, sem plano. O filme foi parido dessa doidice, e nos mostra o poder do cinema de pegar a vidinha simples de gente que “não é ninguém” numa “cidadezinha” do interior. Gente que não é famosa, não tem os traços da beleza da rosa, não é rica… mas que passaram a vida pelejando pela sobrevivência.

Quem guia seu Coutinho pelos arredores da cidade é Rosa; uma moça que mora numa localidade rural, professora, e que é voluntária da pastoral da criança. Bem comunicativa, falante…  Foi ela que planejou as visitas e abriu todas as conversas entre o cineasta e a comunidade.

A história é narrada por gente velha, que conseguiu viver 70, 90 anos. Rostos com traços marcados pelos aperreios da vida, vozes roucas, pigarreado, peito encatarrado… Vidas cheias de privações… mas que se abarrotaram de trabalho. Vida pobre, mas não de miséria. Nos quatro cantos das salas vemos cadeiras, móveis simples, quadros de Stª Luzia, Nossa Senhora, arreios de animais atrepados nas paredes… E a rainha da casa, a televisão.

Seu Coutinho fica cara a cara com cada um. Olhos arregalados, serenos… de quem pagou tintim por tintim da conta ao mundo. Uma diz que está sem dormir… passa a noite no escuro, sentada na rede, tomando café e fumando. Outra já diz que o maior prazer é assistir uma novelinha, e depois deitar, e dar cochilos no chão. Tem um senhor, que pela idade, não consegue enxergar direito, mas mostra um troféu que ganhou num concurso de poesia e recita o soneto. Já outro senhor, daqueles que tem uma letrinha… estudou, semi-letrado, ler e mostra os ensinamentos da Bíblia. Também, tem aquele mais arremediado… que tira o sustento porque descobre e vende água no sertão… Fala com entusiasmo. Já outro tem olhos espertos, bem vivos… que ficam sério, riem… e que fica o tempo todo na peleja com o “doutor” acerca da filosofia da vida… se esquivando das ciladas armadas pelo “doutor” na prosa, prestando bem atenção nas palavras do “doutor” para não ser pego de surpresa.

Viver ali já é uma provação grande. O pior já passou. São sobreviventes de uma peleja. Isso me faz lembrar Guimarães Rosa: “viver é muito arriscoso e o que a gente quer dela é coragem!” Encaram a morte com naturalidade, não falam nem de “a” nem de ‘b”, nem de Governos… O Prazer maior do sertanejo é oferecer um cafezinho, almoço, repartir o pouco que tem de comida… e prosear sobre a vida. A hospitalidade é uma virtude desse povo.

O elogio desse chão sertanejo tem duas pulsões conflitantes, uma que se ressente do que ficou prá trás, das perdas… outra que busca às promessas da esperança, do ganho. Isso está fincado no imaginário do sertanejo. Basta ver o xote de Zé Dantas e Luis Gonzaga: “La no meu pé de serra/ Deixei ficar meu coração/ Ai que saudade eu tenho/ Eu vou voltar pro meu sertão”. No baião de Luis: “Só deixo o meu Cariri/ No último pau-de-arara”. Ou ainda a louvação da perseverança em atingir a meta: “Quando eu vim do sertão/ Seu moço, do meu Bodocó/… Só trazia a coragem e a cara/ Viajando num pau-de-arara/ Eu penei… mas aqui cheguei”. E ainda no hino nacional dos retirantes, Asa branca (1947): “Hoje longe muitas léguas/ Nesta triste solidão/ Espero a chuva cair de novo/ Pra mim voltar pro meu sertão”. Dominguinhos também cantou os anseios retrospectivos: “Por ser de lá/ do sertão (…) Eu quase não falo/ Eu quase não tenho amigos/ Eu quase que não consigo/ Viver na cidade sem viver contrariado”.

O sertão é assim: “(…) Sertão das ‘mulher’ séria / Dos homens trabalhador”. E foi isso que o Eduardo Coutinho, em “O fim e o princípio”, quis mostrar prá gente. Quis mostrar a granel, “ (…)  Coisas que prá mode ver / O cristão tem que andar a pé”.

O Umbuzeiro…. Imbú

28 sábado ago 2010

Posted by zedec in Caatinga

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Caatinga, Euclides da Cunha, imbu, sertão, umbu, umbuzada, umbuzeiro

“os umbuzeiros… irradiantes em círculo… árvores sagradas do sertão…semelham grandes calotas esféricas. Suas flores alvíssimas são a nota mais feliz do cenário deslumbrante. Desafiando as secas mais duradouras, amparam, alimentam, mitigam a sede do homem do sertão”.

Os Sertões – Euclides da Cunha

Umbuzeiro da Saudade (Luiz Gonzaga e João Silva)
Umbuzeiro veio
Veio amigo quem diria
Que tuas folhas caídas
Tuas galhas ressequidas
Íam me servir um dia
Foi naquela manhãzinha
Quando o sol nos acordou
Que a nossa felicidade
Machucou tanta saudade
Que me endoideceu de amor……..
Indiscreto passarinho
Solitário cantador
Descobriu nosso segredo
Acabou com nosso enrêdo
Bateu asas e voô
Hoje vivo pelo mundo
Tal o qual o vem-vem
Sobiando o dia inteiro
Quando vejo um umbuzeiro
Me lembro de ti meu bem
 

A sombra do umbuzeiro; sítio gravetero

sitio Gravetero

A buchada

23 domingo maio 2010

Posted by zedec in O Povo Brasileiro

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bode, buchada, receita, sertão

Ingredientes

2 pimentões picados
4 tomates (sem sementes) bem picados
1 pimenta-de-cheiro (sem sementes) picada
6 dentes de alho amassados

3 colheres (sopa) de óleo
4 cebolas picadas
Sal, pimenta-do-reino, cominho, vinagre e colorau a gosto
Bucho e tripas de carneiro devidamente limpas. Se você não gostar de tripas, faça a buchada com o recheio que está escrito no final da receita.

Preparo

Lave muito bem o bucho e as tripas de carneiro com bastante agua corrente.
Corte o bucho em pedaços de aproximadamente 15X15 para fazer várias buchadinhas.
Corte as tipas e o restante do bucho em pedacinhos bem pequenos. Tempere com sal, pimenta, cominho, e colorau. Misture bem e deixe pegar gosto de um dia para o outro.
Em outra tigela misture metade das cebolas, pimentões, tomates e pimenta de cheiro.

Acrescente os miúdos já temperados e recheie os pedaços de buchos, costurando com agulha e linha bem grossa, formando vários pacotinhos (buchadinhas)

Bolero de Isabel

23 domingo maio 2010

Posted by zedec in O Povo Brasileiro

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Bolero de Isabel, Bolero de ravel, jessier quirino, maurice, sertanejos, sertão, xangai

O francês Maurice Ravel fez a obra prima “Bolero” que ficou conhecida com Bolero de Ravel. Aqui no Brasil, particularmente, na nação nordestina, o poeta Jessier Quirino, lá de Itabaina – cidade inficada  no sertão paraibano – inspirado  na obra de Ravel  nos blindou com uma versão prá lá de arretada. “Bolero de Isabel” é uma dessas canções cheia de neologismos, sonhos e vida dos sertanejos.

Maravilhoso é ouvir Xangai – o maior cantador brasileiro – interpretando a poesia do Jessier.

O Bolero de Isabel

É um nó dado por são pedro
E arrochado por são cosme e damião
É uma paixão, é tentação, é um repente
Igual ao quente do miolo do vulcão

É um nó dado por são pedro
E arrochado por são cosme e damião
É uma paixão, é tentação, é um repente
Igual ao quente do miolo do vulcão

Quer ver o bom?
É o aguado quando leva açúcar
É ter a cuca, açucarado num beijo roubado
É um pecado confessado, compadre sereno
Levar sereno no terreiro bem enluarado
É pinicado do chuvisco no chão, pinicando
Ficar bestando com o inverno bem arrelampado
É o recado do cabocla num beijo mandando
“tá namorando a cabocla do recado”

É um nó dado por são pedro
E arrochado por são cosme e damião
É uma paixão, é tentação, é um repente
Igual ao quente do miolo do vulcão

Quer ver desejo?
É o desejo tando desejando
A lua olhando esse amor na brecha do telhado
É rodeado do peru peruando a perua
É canarim, é galeguim, é cantando o canário
Zé do rosário bolerando com dona isabel
Dona isabel embolerando com zé do rosário
Imaginário de paixão voraz e proibida
Escapulida, proibida pro imaginário

Quer ver cenário?
É o vermelho da aurodidade
É a claridade amarelada do amanhecer
É ver correr um aguaceiro pelo rio abaixo
É ver um cacho de banana amadurecer
Anoitecer vendo o gelo do branco da lua
A pele nua com a lua a resplandecer
É ver nascer um desejo com a invernia
É a harmonia que o inverno faz nascer

Quer ver desejo?
É o desejo tando desejando
A lua olhando esse amor na brecha do telhado
É rodeado do peru peruando a perua
É canarim, é galeguim, é cantando o canário
Zé do rosário bolerando com dona isabel
Dona isabel embolerando com zé do rosário
Imaginário de paixão voraz e proibida
Escapulida, proibida pro imaginário

Quer ver cenário?
É o vermelho da aurodidade
É a claridade amarelada do amanhecer
É ver correr um aguaceiro pelo rio abaixo
É ver um cacho de banana amadurecer
Anoitecer vendo o gelo do branco da lua
A pele nua com a lua a resplandecer
É ver nascer um desejo com a invernia
É a harmonia que o inverno faz nascer

A força que nunca seca – Chico Cesar e Maria Bethânia

18 domingo out 2009

Posted by zedec in Música Regional

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a fonte que nunca seca, Chico César, lata d'agua, Maria Bethânia, seca, sertão

lata d'agua na cabeça da senhoralata

A FORÇA QUE NUNCA SECA
Chico César/Vanessa da Mata

Já se pode ver ao longe
A senhora com a lata na cabeça
Equilibrando a lata vesga
Mais do que o corpo dita
O que faz o equilíbrio cego
A lata não mostra
O corpo que entorta
Pra lata ficar reta
Para cada braço uma força
De força não geme uma nota
A lata só cerca, não leva
A água na estrada morta
E a força nunca seca
Pra água que é tão pouca

Viajo porque preciso, volto porque te amo

24 quinta-feira set 2009

Posted by zedec in O Povo Brasileiro

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filme, josé renato.documentário, regiao semi-desértica, sertão, viajo porque preciso, volto porque te amo

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FILME
Dois amigos que uniram a vontade de filmar o sertão e, em uma viagem pela região em 1999, começaram um projeto experimental – Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo…

“A história de José Renato, geólogo, 35 anos, enviado para realizar uma pesquisa de campo durante a qual terá que atravessar todo o Sertão, região semi-desértica, isolada, situada no Nordeste do Brasil. O objetivo de sua pesquisa é avaliar o possível percurso de um canal que será construído a partir do desvio das águas do único rio caudaloso da região. No decorrer da viagem, nos damos conta que há algo de comum entre José Renato e os lugares por onde ele passa: o vazio, uma certa sensação de abandono, de isolamento. O desolamento da paisagem parece ecoar em José Renato e a viagem vai ficando cada vez mais difícil. “

Casa de taipa

06 domingo set 2009

Posted by zedec in Outras coisas boas...

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arquiteto, barro, belga mineira, Caatinga, casa de taipa, chão de barro, ciós, estradas carroçais, lucio costa, mameleiro, monlevade, Nordeste, sertão, taipeiro, troncos

casa

casa


Quem anda pelo Sertão ainda se depara com edificações sendo construídas às margens de rodovias e estradas carroçais. São as taperas ou casas de taipas, construídas à base de cipós, finos troncos de sabiá ou de marmeleiros – vegetação abundante na região – e barro molhado. Apenas o telhado é coberto por telhas produzidas em olarias.
A casa de taipa nasce do chão, vem da natureza, é construída com o material que está ali, a terra e as árvores. Se for privado de sua terra, ele saberá construir uma nova habitação. O saber lhe pode servir como meio de vida, e a profissão tem um nome: taipeiro.

Uma simples caiação evita a umidade e basta fechar as frestas onde o barbeiro gosta de fazer seu ninho. Integra a família, as mulheres e as crianças trabalham na construção e integra o grupo na sociedade quando em regime de mutirão.
Em 1930, Lúcio Costa projetou uma vila operária, em Monlevade, toda em taipa de pau-a-pique, escreveu: “…faz mesmo parte da terra, como formigueiro, figueira-brava e pé-de-milho – é o chão que continua… Mas justamente por isso, por ser coisa legítima da terra, tem para nós, arquitetos, uma significação respeitável e digna, enquanto que o pseudomissões, ‘normando ou colonial’, ao lado, não passa de um arremedo sem compostura”. E aconselha: devia ser adotada para casas de verão e construções econômicas de um modo geral. É uma técnica muito mais barata, atende aqueles casais remediados que desejam uma casinha de campo. O projeto de Lúcio Costa, claro, não foi aceito pela Belgo Mineira.

Mote

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